
Quem já esteve nas quintas-feiras do Ó do Borogodó, casa que é referência no samba paulistano, deve ter visto e ouvido a cantora Juliana Amaral, dona destas noites há 9 anos. A artista, que é também atriz e compositora, acumula na bagagem 3 álbuns – “Água Daqui” (Lua Discos, 2002), o ótimo “Juliana Samba” (Lua Discos, 2007) e “SM, XLS (Samba Mínimo, Extra Luxo Super)”, lançado pelo Selo Sesc, em 2012. É no repertório deste último trabalho que se escora o roteiro do show que Juliana apresenta em duas noites no Sesc Consolação (serviço no final deste post), acompanhada por um time de músicos que inclui Gian Corrêa (violão 7 cordas), Alexandre Ribeiro (clarinete), João Paulo Amaral (viola cairpira), Samba Sam (percurssão), Gustavo Sarzi (acordeão) e Marcelo Cabral (contrabaixo), entre outras participações especiais.
Desdobramento do show “Samba Mínimo” que a artista apresentou durante quatro anos, “SM, XLS” comemora 1 ano de estrada com repertório que cruza os caminhos de tradicionais nomes do samba com autores jovens que nem sempre são identificados de cara como sambistas. Paulo Vanzolini, Wilson Batista e Noca da Portela, no universo da cantora, convivem harmonicamente com Kiko Dinucci, Itamar Assumpção e Tom Zé.
Juliana falou comigo e contou um pouco sobre a temporada de shows e a carreira:
Alexandre Eça – Além de cantora você também é atriz. Como estes dois ofícios se encontram no palco?
Juliana Amaral – Minha formação artística começou no teatro, num grupo ligado ao Teatro Sunil (hoje a Companhia Finzi Pasca). Aos poucos, o canto apareceu como uma expressão muito forte, e então minha pesquisa pessoal foi se aprofundando na música. Com o tempo, acabei parando de fazer teatro. Voltei a atuar em 2004, quando fui convidada por Lincoln Antonio e Georgette Fadel pra uma pequena participação em um espetáculo (a ópera mínima “Entrevista com Stela do Patrocínio”), que fazemos desde então até hoje. Pra mim, no fundo, é tudo misturado, porque não acho que meu cantar e minha expressão sejam teatralizados, mas sinto que meu entendimento do espetáculo como unidade poética, minha obsessão pela perfeição técnica, e minha gestualidade em busca do mínimo essencial e da leveza advém daquela formação como atriz.
Esta é pra mim uma das questões centrais do disco: entender o samba como poética, e não só como repertório. E nas mãos dos “não-sambistas”, ele se reinventa de modo espetacular. Não entendo isso como um antagonismo, mas sim acho que é mais um reflexo de uma das características mais incríveis do samba, a capacidade de expressar, almalgamadas, as tensões fundamentais entre sofisticação e simplicidade, tristeza e alegria, universal e particular. Ou seja, falar de tristeza por meio da felicidade, do abandono em meio à festa, do desamor junto à multidão. Vadico disse melhor que ninguém: “sambar é chorar de alegria, é sorrir de nostalgia, dentro da melodia”.
Juliana Amaral – “SM, XLS”
Quando: 17 e 18 de Agosto
Onde: Sesc Consolação – Teatro Anchieta – São Paulo
Quanto: R$ 24 a R$ 12 (venda pela rede Ingresso Sesc. aqui)
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